Prolo ordinário povo de Paris
Rouge-gorge tem orgulho de ter nascido aqui
Bairro popular bistrôs e bougnats
E mercados cobertos ruas das crianças reis
Rouge-gorge deve seu apelido estranho
A sua bela voz e ao seu lenço
Vermelho seu lenço em volta do seu pescoço
Vermelha sua memória para sempre de pé

Rouge-gorge canta o Tempo das Cerejas
Nas ruas vivas quando um dia chega
O tempo dos caroços e dos bulldozers
E dos verdadeiros canalhas em trajes claros
Algum sub-ministro com pasta
E expressão sinistra a alma de Versalhes
Decreta muito velho todo esse bairro
Vai atear fogo se o velho não for embora

Rasada a casa destruído o ateliê
Gaiolas de concreto as substituíram
Adeus, postes de luz lâmpadas no teto
Olá a luz dos tristes néons
Expulsos os proletários e expulsa a vida
Estacionamentos e escritórios devoraram Paris
As pessoas pequenas são pessoas sérias
Vão gentilmente Povoar os subúrbios

Canta, Rouge-gorge o Tempo das Cerejas
Savigny-sur-orge parecerá menos cinza
Canta também Paname que os assassinos
Entregaram às chamas sem queimar suas mãos
Canta a memória que Doisneau preserva
De Paris, a noite antes de ela morrer
Canta a bastarda Paris-a-submissa
Que Doisneau olha e que agoniza
E que agoniza

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