Desculpa-me, querida
Por não ter conseguido andar
Atrás das coroas
Dos teus amigos modernos
Porque o teu traficante
Talvez estivesse lá
Entre essas pessoas chorando
Que só falavam de ti
Olhando para o relógio
Reclamando do frio
Assumindo a vergonha
De te ter empurrado para lá

Pequena tola, nem sequer lhes guardas rancor
Sabes que esses abutres estão muito mais mortos do que tu

Frequentavas um mundo
De idiotas mundanos
Onde essa pó imundo
Se consome pela manhã
Onde o dinheiro permite
Acreditar que se está seguro
Tanto do tribunal
Quanto do nosso desprezo
Que o teu triste universo
Nos parecia astuto
Enquanto saboreávamos nossas cervejas
Ou fumávamos nossos baseados

Pequena tola, sonhavas com Bizâncio
Mas era a Polônia até nos teus silêncios

Não nos conhecíamos
Por isso me perdoas
Não chorei quando quebraste
O teu cachimbo de ópio
Pensei no inferno
De um telefone que grita
Para acordar a tua mãe
No meio da noite
Gostaria de lhe dizer
Que não foi tua culpa
Que ao não querer envelhecer
Morremos antes dos outros

Pequena tola, não querias amadurecer
Caíste antes do outono, justo antes de florescer

E se te tivesse conhecido
Nada teria mudado
Pequena criança perdida
Terias me aceitado?
Eu gosto do sol
Tanto quanto da chuva
E quando acordo
E estou vivo
É tudo o que importa para mim
Muito mais do que a felicidade
Que é coisa de medíocres
E que desgasta o coração

Pequena tola, é esquecer que tu não estavas lá para ninguém
E que ninguém estava lá

Desculpa-me, querida
Por não ter conseguido chorar
Seguindo as coroas
Dos teus amigos modernos
Porque o teu traficante
Talvez estivesse lá
A respirar essas flores
Que não gostarias
A recontar essas rosas
Que ele pagou ao preço
Da tua última dose
E do teu último grito

Pequena tola, vai, descansa perto de Morison
E não muito longe de mim
Pequena tola, vai, descansa perto de Morison
E não muito longe de mim
Pequena tola, vai, descansa perto de Morison
E não muito longe de mim
Pequena tola, vai, descansa perto de Morison
E não muito longe de mim

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