Não somos de um país, mas somos de uma cidade
Onde a rua principal limita o cenário
As chaminés da fábrica uivam para a morte
A lâmpada do guarda ri do meu estilo

A miséria esmagando seu cigarro no meu coração
Deixou em meu sangue a marca indelével
Que tem o mesmo som e a mesma cor
Que a fuligem dos depósitos de carvão, do carvão inútil

As forjas das minhas têmporas martelaram as palavras
Eu lixei com minhas mãos o vazio das evidências
As palavras calaminadas cospem dos altos-fornos
Meus olhos de aço temperado inventam o silêncio

Eu me embriago em Nova York e luto em Paris
Eu balanço no Rio e rio em Montreal
Mas é aqui mesmo que cresceu bem pequeno
Esta flor de grisú com haste de metal

Não somos de um país, mas somos de uma cidade
Onde a rua principal limita o cenário
As chaminés da fábrica uivam para a morte
A lâmpada do guarda ri do meu estilo

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