O passado tenta
Está jogando uma carta impossível
Para voltar à moda
Não sabe que o tempo é irrepetível
O presente se encontra
Motivado e decidido a não ceder
Como fez até agora
Sem dizer uma só palavra
O confronto é lendário
Assim que começa
Um fica calado e o outro faz seu comício
Não quer entender que está muito atrasado
Para dar lições a quem está no horário

O passado descansa
Belamente na cama dos hóspedes
Ou me segue pela casa
Como uma sombra colada aos meus cotovelos
Para chutá-lo para fora
Abre a boca e sempre fala besteira
Com discursos mentirosos
E a cauda de palha
O confronto continuou
Até no trem
Quem é um clandestino
Quem paga inteiro
Exatamente assim, se não ficou claro o conceito
O passado nem paga a passagem

Sua lembrança encontra um buraco na rede
Se infiltra no meu cérebro e faz-se o dono
Sua lembrança quando chega tem fome e sede
E aquele pouco equilíbrio que tenho se desintegra
O passado é uma droga
Que não tenho mais intenção de tomar
Ainda toca meu interfone
Esperando me fazer descer
Com o chamado de ontem
Com o tom de voz de um anjo
Emaranhado entre os fios
E ignorado no trânsito pelos passantes

Sua lembrança encontra um buraco na rede
Se infiltra no meu cérebro e faz-se o dono
Sua lembrança quando chega tem fome e sede
E aquele pouco equilíbrio que tenho se desintegra
Sua lembrança encontra um buraco na rede
Se infiltra no meu cérebro e faz-se o dono
Sua lembrança quando chega tem fome e sede
Mas é apenas uma armadilha, uma cilada
O passado declara estar pronto para um desafio no limite
Quer assustá-lo e demonstra energia infinita
Mas o presente prepara sua corrida
E promete a si mesmo que
Ao chegar na linha de chegada nunca mais terá nostalgia

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