Nos encontramos, na beira
Nos encontramos, no limite
Antes que o amanhã se torne ontem
E que a evidência fuja
Em um jardim da capital
Nossos lábios ousaram a pergunta
"Podemos fazer, sem nos machucar"
"O amor e a revolução?"

Nos conhecíamos desde sempre
Nos olhávamos há muito tempo
Eu, tinha tomado gosto pelos desvios
E pelas histórias em preto e branco
Você, tinha essa ferida
Essas lembranças, turvas e vorazes
Nossas bocas ousaram esse sussurro
"Isso passa quando eu te beijo?"

Tenho a idade que nos damos
Tenho a idade que jogamos
Não confio em ninguém
Mas confio em nós
Tenho a idade que nos damos
Tenho a idade que jogamos
Não confio em ninguém
Mas confio em nós

Eu te disse, "eu remo sozinho"
Tenho uma longa batalha a travar
Eu queimo no meio dos pincéis
Dos discos rígidos, das cordas enferrujadas
E essa luta, é toda a minha vida
E minha febre, é tudo o que tenho
Provavelmente não dormirei à noite
Não tente me curar

Você disse "não se preocupe, estou em guerra"
Contra aqueles que estragam o mundo
Te curar, tenho outras coisas a fazer
Cada um com seu fogo, cada um com sua funda
Então vá em frente, seja o herói
Mas não pense que isso me impressiona
Seja Cyrano, Monte-Cristo
E eu, serei Antígona

Tenho a idade que nos damos
Tenho a idade que jogamos
Não confio em ninguém
Mas confio em nós
Tenho a idade que nos damos
Tenho a idade que jogamos
Não confio em ninguém
Mas confio em nós

Olhe bem para mim
Morrer, acabou
Pelo menos para este ano
Pelo menos por hoje
Não me importo, você sabe
Com os eternos exibicionistas
Que não podem suspeitar
Da força dos outsiders

Tenho a idade que nos damos
Tenho a idade que jogamos
Não confio em ninguém
Mas confio em nós
Tenho a idade que nos damos
Tenho a idade que jogamos
Não confio em ninguém
Mas confio em nós

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