Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
De Notre-Dame
Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
De Notre-Dame
Está chovendo
Sobre aqueles que olham
A igreja em chamas

Está chovendo sobre Notre-Dame
Está chovendo sobre o seu drama
Na Île Saint-Louis, pela minha janela
Acendo um baseado, ou dois, talvez
O cheiro da fumaça
Se mistura com o do cinzeiro
O grande, em frente a mim
Na ilha, na ilha da cidade

Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
De Notre-Dame
Está chovendo
Sobre aqueles que olham
A igreja em chamas

Deve-se
Deve-se acreditar em suas lágrimas
Eles caem
Eles caem sob o encanto
Do incêndio?

Normalmente, nada me atinge
Mas é diferente esta manhã
Penso então em todos esses padres
Que, neste momento, deixam de ser

Quem acendeu o pavio?
Quem fez cair a flecha
De madeira, de chumbo
Através da nave?
De onde caem as gárgulas
Em baixo-relevo?

Onde está
Onde está Quasimodo?
Ele partiu de helicóptero?
Onde está
Onde está Quasimodo?
Ele partiu pelo Sena
Com um barco-mosca?

Ele fugiu
Antes que tudo virasse fumaça
Ele declarou seu amor
Uma chama de oitocentos graus

Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
Por falta de sinos para tocar
Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
De reencontros inesperados
Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
Está chovendo sobre Notre-Dame
Está chovendo
Está chovendo sobre as cinzas
Algumas cinzas para recolher

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