Quando eu fico triste canto uma milonga
Quando eu fico alegre eu canto também,
Milonguita minha que me abraça forte
Sujeitando um verso sempre que convém!


Me legou a sorte te fazer costado
É no mate amargo, é na solidão...
Conversando longe, milongueando mágoas,
Junto ao pé do fogo batendo tição.


Milonga xirua, paisana uruguaia,
Num truco de mano me cantando “flor”...
Se achegando mansa pela madrugada
Adoçando a boca desse cantador!


Meu sal da palavra, um porto seguro,
Milonga que vaga, sem norte e sem rumo...
Te tenho por perto, para ouvir verdades
Pra matar saudades, pra jujar o fumo...


Sentimento terno de cantar milongas,
Coração pulsando nesse tum, tum, tum...
Já descompassado, de destino incerto,
Sei que em tuas teias eu sou só mais um!


Nosso tempo é hoje, nossa vida é buena,
E o tempo serena nossas inquietudes...
Nessa estrada longa de cantar milongas
Vou me acomodando nos caminhos rudes.