DIA DESSES ME DEI CONTA, REPASSANDO A MEMÓRIA,
QUE OS TRENS DE PASSAGEIROS FORAM DOS TRILHOS PRA HISTÓRIA,
FEITO OS MESTRES CARRETEIROS, QUE TANTO SOVARAM BOIS...
FOI CORRENDO ATRÁS DO NOVO, QUE O POVO ESQUECEU OS DOIS.


NOS TRENS, QUE “CORTAVAM” CAMPOS, AS CONVERSAS SE ESTENDIAM,
ENTRE ESTAÇÕES E PARADAS, ESTRANHOS SE CONHECIAM;
O PRAZER DO REENCONTRO, DOS QUE HÁ MUITO NÃO SE VIAM...
...DESDE AMORES AOS NEGÓCIOS, ESSES VAGÕES “ENTENDIAM”.


BASTAM, HOJE, ALGUMAS HORAS PRA TRANSPOREM CONTINENTES,
OS TRANSPORTES SÃO VELOZES, MAS AS ÂNSIAS VÃO NA FRENTE;
QUASE NINGUÉM SE CONHECE, NOS PRÉDIOS DE APARTAMENTOS,
PASSAM A VIDA CORRENDO E AINDA LHES FALTA TEMPO;
PARECE QUE ESSA GENTE, QUE JÁ NÃO SABE O QUE É CALMA,
PAGA O PREÇO DO “SUCESSO” COM A POBREZA DA ALMA.


FORAM TANTOS BRAVOS HOMENS, NAS CARRETAS RANGIDEIRAS,
PICANEANDO BOIS E SONHOS, AMASSANDO BARRO E POEIRA,
MAS QUE ÀS NOITES, NAS POUSADAS, REENCONTRAVAM PARCEIROS,
COM TEMPO PRA PROSA E MATES, E PRO ARROZ-DE-CARRETEIRO.


O FIM NÃO NOS MANDA AVISO, O BOM DA VIDA É O CAMINHO...
QUEM FAZ AMIGOS NA ESTRADA, NÃO ENVELHECE SOZINHO;
QUEM SÓ PENSA NO AMANHÃ, NÃO VÊ QUE O HOJE É UM PRESENTE,
E ESSE PRESENTE É UM REGALO, QUE SÓ DEUS CONCEDE À GENTE