Na-na-na-na-na-na
Na-na-na-na
Na-na-na-na-na-na

Mais espiritual do que científico
Mais literário do que matemático
Não foi na escola que aprendi a viver
Eu me identifiquei, mas não nos livros

Mais espiritual do que científico
Mais literário do que matemático
Não foi na escola que aprendi a viver
Eu me identifiquei, mas não nos livros

Há mais de um ano que estou sozinho
Abandonado como um caso social
Li um monte de livros que não falavam de nós
Sim, entenda, que eu preciso do rap
Mas há muitos invejosos
Eles não trabalham como eu, não se sacrificam como eu
Não amam isso como eu, querem dinheiro como eu
Sério, eu não entendo

Entendi muito rápido o valor do trabalho
Saber se levantar apesar dos sonhos quebrados
Não acabar na miséria
E eu escrevo isso, com lágrimas nos olhos
Penso em meus entes queridos que dão todo o seu tempo
Para viver decentemente, encher suas bolsas e isso legalmente

O que contamos nas canções que amamos o campo
A bi-bi raramente é a vida real
Aos 20 anos talvez você tenha o mundo aos seus pés
Aos 25 ele já está te esmagando
Ou você reclama e encontra desculpas
Ou você aceita seu destino, faz o dobro
Temos poucos exemplos que são destacados
E quando eles são, eles vendem suas almas ao diabo

Não nos reconhecemos mais, os chamamos de vendidos
Atrás do beco, talvez haja uma avenida
Há o boulevard dos projetos
Estrelas para descolar
Penso em Diaby, no tri postal
No trabalho noturno quando éramos jovens
Pouco estudo, pais superados
Até de manhã no PlayStation

Vida imoral, depressão, acordar às 16h
Isolado, ouço o som das lágrimas
Correndo pelas bochechas da minha mãe
E que horror, por que tanta violência ao meu redor?
Caras que se afogam, garotas que lutam contra algo mais forte que elas
Eu tenho sequelas
Porque quando era mais jovem talvez eu tenha deixado acontecer
Coisas que eu não aprovava como bater em um fraco
Tudo por um telefone
E voltar para casa como se nada tivesse acontecido
Onde eu morava não éramos estúpidos
Mas era melhor se você não fosse gay
Porque apesar da nossa educação, poderíamos ter te zoado
E se eu fiz isso hoje, eu me arrependo

Mais espiritual do que científico
Mais literário do que matemático
Não foi na escola que aprendi a viver
Eu me identifiquei, mas não nos livros

Faz muito tempo que ouço essas besteiras
Concursos de pênis
Álcool, drogas e sexo, a mesma vida que Bukowski
Mas sem o talento, funciona muito menos
Não acreditamos em nós e ninguém acredita
Se você vira a outra face, acaba numa cruz
Então somos violentos, violentos em nossas palavras
Violentos em nossos atos, violência em nossos olhos
Você não entra na boate, cor errada ou roupa errada
Não são nossos códigos e estou muito decepcionado

Que todos nós precisamos de um sinal de pertencimento
Seja sua camisa, seu par de Tubarão
Um símbolo religioso, isso não nos diz respeito
Não me importa de onde você vem, a cara, é em si
A armadilha é que acima, eles nos dividem todos
Eles não nos calculam, não estamos lá quando votam suas leis
Apenas sofremos e concordamos
Então cala a boca e esvazia o caixa
Eu poderia ter dito isso, mas fui salvo
Obrigado pai, obrigado mãe, obrigado ao meu irmão mesmo que eu seja mais velho
Raramente decepcionado, dou pouca confiança
Mas quando estou, dói muito
Meu círculo se fecha cercado pelos verdadeiros
Sem homem sem princípios, nem superstar

Na-na-na-na
Sim, sem homem sem princípios, nem superstar, eh

Mais espiritual do que científico
Mais literário do que matemático
Não foi na escola que aprendi a viver
Eu me identifiquei, mas não nos livros

Mais espiritual do que científico
Mais literário do que matemático
Não foi na escola que aprendi a viver
Eu me identifiquei, mas não nos livros

Na-na-na-na-na-na
Na-na-na-na-na-na
Na-na-na-na
Na-na-na-na-na-na
Na-na-na-na-na-na
Na-na-na-na-na-na
Na-na-na-na
Na-na-na-na-na-na

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