(Onni – verso 1)

Como se fosse um sonho, não ouço sirenes,
Vejo carrancas no lugar de barricadas,
Sem corre, corre, só passos serenos,
“onni, acorda, a morte tá lá na porta”

Então, chega aí, olha nos meus olhos,
Por favor, ignore o barulho de fogos,
Isso é tão rotineiro que as vezes passa batido,
Se for preciso te digo o nome de tantos amigos

Que pelo dito popular viraram estrelas,
Corpos alvejados brilhando pelo nosso chão,
Entre nossos passos tantas incertezas,
Construindo saudade com um pouquinho de redenção,

Chuteiras no fio revelam sonhos na gaveta,
Dia a dia de quem corre atrás de boletos,
Numa corrida de ratos, contra o bater de botas,
O drama não são as gotas e sim sorrisos sem teto

Ok, segue o jogo, na separação do trigo
Adivinha quem pra eles que é o joio,
Mas quem diz trazer a paz só vem de viatura,
Da próxima vez que entrar vê se repara a bagunça

(refrão)

Brisa Flow: Estão matando os nossos líderes,
Eu tenho uma pá de amigo pra lembra, pra vingar
Onni: “qualquer um que sonha em ser livre,
Qualquer um que queira o povo livre”

Brisa Flow: estão matando os nossos líderes,
Hermanito, hermanita
Onni: “qualquer um que sonha em ser livre,
Qualquer um que queira o povo livre”

(Brisa Flow – verso)

Eu disse que não ia ficar, eu disse
Eu disse que poderia ir, eu disse
Não sou de nenhum lugar
Eu sou da terra antes do mar

Chegar e atravessar você
Eu sou da terra que fecunda o ser
O rio que corta Abya Ayala
E faz você ver o sol

Passarinho que dança
E não deixa rastro no céu
A letra além do papel
Que faz você viver um dia a mais

(refrão)

Brisa Flow: Estão matando os nossos líderes,
Eu tenho uma pá de amigo pra lembra, pra vingar
Onni: “qualquer um que sonha em ser livre,
Qualquer um que queira o povo livre”

Brisa Flow: estão matando os nossos líderes,
Hermanito, hermanita
Onni: “qualquer um que sonha em ser livre,
Qualquer um que queira o povo livre”

Hermanito, hermanita
Hermanito, hermanita

(Onni – ponte)

“Essa é por cada vítima da violência do Estado,
Dos povos originários aos favelados atuais,
Em especial meu irmão Gabriel Ribeiro,
Morto pela polícia na favela da Bacia.”

(Onni – verso 2)

E o morro vai descer sem ser carnaval
Cobrar quem faz da miséria objeto de estudo
São olhares exóticos saboreando nosso final
Hashtag favela venceu, integração pelo consumo

Operação tapa buraco, queima de arquivo é mato
E o povo entorpecido em show de capitão do mato
Aqui quem corre com a lebre e caça com os cães
É TV que mostra a morte do filho e traz novela pras mães

Por isso o samba é nossa árvore as lembrança
É o que nutre a esperança em plena diáspora
Pra que nossa voz se erga quando necessária
Pra tirar os preto do topo da lista carcerária

Meu pesadelo traz caravelas e caveirões
Meu pesadelo traz caveirões e caravelas

(refrão)

Brisa Flow: Estão matando os nossos líderes,
Eu tenho uma pá de amigo pra lembra, pra vingar
Onni: “qualquer um que sonha em ser livre,
Qualquer um que queira o povo livre”

Brisa Flow: estão matando os nossos líderes,
Hermanito, hermanita
Onni: “qualquer um que sonha em ser livre,
Qualquer um que queira o povo livre”

Hermanito, hermanita
Hermanito, hermanita