São léguas e léguas de um fundo de campo
Que inverno meus dias por conta das horas...
Golpeando um malino nalguma minguante
Tocando por diante, cravando as esporas.
 
Só nesses fundões, que a cura dos males
É culpa da fé que a alma alimenta...
Se crê que as tormentas que chegam guapenado
Se vão serenando com cruz de água benta...
 
Me vejo gaucho por ter na essência
A voz da querência em cada manhã...
No timbre dos galos, clarim madrugueiro,
No canto guerreiro de um grito tajã.
 
Nos campos de mim, renascem trevais
Pisoteado a baguais e amassados a rodados
De antigas carretas que o trilho do rastro
Deixaram no pasto, um nobre legado...
 
Aqui os meus mates se adoçam por pouco
E os sonhos antigos me trazem visões.
De um lindo passado, gastando bacheiro
Recuerdos povoeiros ao pé dos fogões.
 
Reflete a cacimba, as marcas no rosto
Que a soma dos anos levaram a enxó,
Curtidas de estradas por tropas morrudas
São calos e rugas benzidas de pó...