Resvalo a mão na testeira
na trança da cabeçada,
Da lobuna destapada
Égua pra todo serviço.
Cola curta e desfranjada,
Pra o piquete das “macega”
Onde sobra pega-pega
Mata-campo e carrapicho.

Resoja o pasto no inverno
Logo depois do repecho,
Na várzea do “quebra-queixo”
Pras potra de sobre ano.
Tem ervilhaca de sobra,
Azevém e aveia branca
Pra garantir que as “potranca”
Tenham força no tutano.

Logo que o dia clareia
Recorro toda a invernada
Campo florido de eguada
Por cima dos pajonais.
Antes de empeçar a lida
O capataz dita as “norma”
E estende o laço na forma
Pra o destino dos buçais.

Groso os casco e sento o toso,
Firmo a rédea e adelgaço.
Lombos com marca de basto
Suor e barro pingando.
Força de tentos e esporas,
-Ritual de doma e potreada-,
Bocais e cordas sovadas
Pros queixos que vou golpeando.


Solto a barbela do freio

E empeço a desencilha

Com o sol já na presilha 

Pelo cabresto no poente.

Folgo a boca desta potra,

E os olhos buscam afago

Neste cenário sagrado

Que dão sentido pra gente.