Recitado:
Este potro que te entrego meu patrão
Já foi vendido pra marreta.
Virou salame nas mercancias das cruzadas
Puxou arado e carreta.
Já esteve na testa de um esquadrão
No clarim de uma corneta.

Foi corcel nas cargas das batalhas
Na guerra da Cisplatina.
Era o Uruguai que nascia sobre as patas
Bordado de cola e crina.
Sobre o lombo de um cavalo num retruco,
Também peleou a Argentina.
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Este potro que te entrego meu patrão
Tá domado, eu lhe garanto.
Com o pelo que "Zé Claudio" já cantou
É tostado bico branco.
Quando sentei meus arreios
Senti seu tino de campo.

Esperei a lua certa e dispensei
Rendilha, bocal e argola.
Com bridão de perna curta enfrenei
Já de laço a bate cola
Ensinei fareja o rastro das morena
Dos beiço com cor de amora.

É bem manso pra o lombilho da piazada,
Leve de boca e paciente.
Instintivo pra um aparte de rodeio
"- oigalê potro valente -"
Este potro que lhe entrego meu patrão
É parecido com a gente.

Recitado:
O mistério que este flete traz guardado,
São doutras vidas passadas.
Foi pingo de saqueadores bandeirantes.
abigeato nas madrugadas.
Ferindo o casco nas pedras carroceando,
Nos fundões das invernada.
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Hoje te entrego este potro meu patrão.
Como quem confia a vida.
Te Estendo no cabresto este pingaço
Pros recaus de tua guarida.
Te entrego junto dele minha Alma
Minha alma de campo e lida.