Sempre tive um desejo
É poder gastar dinheiro sem me preocupar quando saio para passear
Mas tenho que ajustar o maldito orçamento porque meu país está feio
Infelicidades na minha vida e tragédias desde criança é o que vejo
Se ter azar fosse um esporte, então eu já teria o troféu
Muitas vezes penso que com meu talento lá fora teria um Alfa Romeo
Não me importa se me atiram porque nem na morte acredito
Estou tão acostumado a estar aborrecido que as pessoas me enojam
É que sinto que este mundo está muito corrompido pelo dinheiro e seus desejos
Onde vivo, sair é uma angústia porque pode haver um tiroteio
Tudo está ao contrário, não consigo distinguir entre a justiça e a malandragem
As crianças que rimam matemática e aprendem a contar com o tráfico
Quem quer ir estudar se ganha mais com extorsões e tráfico de drogas

Que pena me dá, parece um inferno agora a nossa sociedade
Os jovens querem disparar um R15 e não ir para a universidade
Vivo com ansiedade e sei que o mesmo acontece com todos os outros
Porque você não sabe em que esquina te sequestram ou querem te atirar
E eu não os julgo porque todos nós temos fome, é a triste realidade
Que pena me dá, que pena me dá

Ver como desmembram pessoas como porcos
Como se deliciam cortando cada parte do seu corpo
Só por dívidas não pagas ou por drogas ou por saias
Ou simplesmente por falar de alguém pelas costas
Parece-me desnecessário o que acontece nos bairros
As coisas já não se falam, só se mandam assassinos
O corpo morto na calçada e chegarão os funcionários
Mas talvez entre eles esteja o agressor
Isso acontece todos os dias, as pessoas já se acostumaram
É que o pobre só conta com a proteção de Deus
Sou um visionário, levanto-me e tiro dois
Cada dia valorizando mais o que o Senhor me deu
Pois o que me deu, protejo até ser velho
É o meu dom, é a minha lírica, o meu gueto é o reflexo
É um lutador que vejo se me olho no espelho
Alguém que poderia estar morto, mas sei seguir conselhos
E aqui estou, olhando para cima com a mente positiva
Embora as coisas não estejam saindo como eu pensava na vida
Embora às vezes me deprima, sempre terei um caderno
E uma caneta acesa para soltar minhas rimas
Centenas de palcos, centenas de aviões, milhares de blunts
Fazendo amor com damas em diferentes regiões
Vendo os entardeceres, tentando encontrar paz
Procurando no meio do caos ter uma oportunidade

Que pena me dá, parece um inferno agora a nossa sociedade
Os jovens querem disparar um R15 e não ir para a universidade
Vivo com ansiedade e sei que o mesmo acontece com todos os outros
Porque você não sabe em que esquina te sequestram ou querem te atirar
E eu não os julgo porque todos nós temos fome, é a triste realidade
Que pena me dá, que pena me dá

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