Aquele guri campeiro
Que pra mãe pediu um regalo
Para montar de a cavalo
Bem “pilchadito” no mais.
Viu que o tempo caborteiro
Lhe fez estranho na praça
Pelo feitio da bombacha
Feita com as roupas do pai.

A “boinita” desbotada
Mas que era negra na essência
Guarda o jeito da Querência
De pura lã de Cordeiro.
No rastro das alpargatas
Segue na volta o amigo
Sentindo a sombra do estrivo
O cachorro companheiro.

Já a filha do seu “Bento”
Não compreendeu o versinho
E refugou os carinhos
Quando casou-se com outro.
Seguiu sem queixa na estradada
E mordendo o barbicacho
Se amasiou com a de oito baixos
Golpeando a boca dos potros.

Hoje se queda na estância
Sorvendo um mate de mágoas
Tal um peixe fora d’água
Do doce Rio Uruguai.
Pensativo estende os olhos
Pros recaus num cavalete,
Junto às botas do Alegrete
E as esporas do Ibirucai.

E o colorado de guerra
Que drapejou no pescoço
Em carreiras e alvoroço
Pelos fundões do potreiro.
Era um lampejo no vento
Repontando as vaca mansa
Do guri que de criança
Quis um petiço sogueiro.

Aquele guri de outrora
Bem pilchado e pacholento
Não se enquadra ao movimento
Pelos padrões culturais.
Mas segue vivo e gaúcho
Com a boina véia vaqueana
E com a guaiaca castelhana
Bem igualasito ao seu pai.