Não me separo de mim
Embora busque distâncias,
Despeonado das ânsias
De se alçar campo a fora...
Candeeiros lumes de aurora,
São meus olhos serenados
Quando me quedo enredado
Nos cabrestilhos da espora.
 
E em fel de “pêlo” e sangue
Ganho forma e silhueta;
E assim me vejo -roseta-,
Não como rosa de flor...
Mas como espinho de dor
Que picaneia sem pena;
Batismo de nazarena
Nos “garrão” de um domador.
 
Meu talareio evoca
A alma xucra ancestral,
Quando me agarro a um bagual
Nos contra-fortes da bota…
Bem quando um malo se entoca
Metendo a cara nas mão:
Abro a guela nos garrão
Nos fundos de alguma grota.
 
E com meus olhos prateados,
Assim me vejo “roseta”:
Visto um poncho de baeta
De carnal maragateado.
Pelo e sangue ressecado
No memorial do meu aço.
-Sina de pua (esporaço)-,
Pras baldas de um renegado.
 
E no buçal de minh’alma,
Os cavalos que passaram
Que meus dentes se saciaram
Pela sina “picaneira” ...
Trago ganas roseteiras
E assim sou campo a fora.
Num papagaio de espora:
Roseteio a vida inteira.
 
Enxergo o mundo do arreio
Com meu olhar orvalhado,
Ao me parar estribado
Numa “péga “ de rodeio…
Ou esmo quando me apeio
Sigo abraçado ao garrão
Riscando o chão de um galpão
No mais gaúcho floreio.