Patricio, esta saudade
Que em meu peito se encarcera
Traz requintes de tapera
Da clausura dos fogões…
Mate bueno e madrugada
Prosa mansa e riso largo,
São coisas simples que trago
Da memória dos galpões.

Resquícios de um tempo lindo
Que se calçavam esporas
Para as lidas campo a fora
Por terrunha precisão.
E se inclinava pachola
Pras volteadas de domingo
Mostrando a graxa dos pingos,
Escarciando os “redomão”.

Carrego miradas largas
Das taipas de pedra moura…
…de mãos floreando tesouras,
Em toso de cola e crina.
Carrego ranchos barreados
Petrificados na essência,
Que o meu olhar de querência
Guarda na luz das retinas.

Na carretera poeirenta
“Ya no hay” tropas cruzando
Nem andejos gauderiando
A esmo no corredor.
Restam saudades dolentes
Que insistem sacar a calma
Da parte antiga da alma
Que resta de um domador.

Patricio, meu canto é triste
Mas insisto no meu canto,
Das coisas que amo tanto
-Salmodioso memorial-.
Assim empenho a palavra
Que resoja em nostalgia
Para habitar a poesia
De um crioulismo ancestral.