A mesma ordem de sempre:
Primeiro entra a "pintada";
Vaca boa e bem cruzada
Meio sangue de holandês;
Em seguida chega a vez
Da "pretinha" - aspa torta- ,
É feia, mas o que importa?!
Se ela dá leite por três!
E seguem se perfilando
Na voz do seu "Miguelito"
Que sussurrando, sem grito,
Uma a uma vai chamando;
Serve boia, vai maneando,
Apoja que o leite desce...
Paciência de quem conhece
A volta do gado manso.
Um pouco antes do sol
"Miguelito" se enforquilha,
Só de em pelo na tordilha
Das confiança, égua sogueira;
Pra repontar as tambeiras...
Riscando o sereno grosso
Despacito, sem retoço,
"Temprana" lida “vilera”.
Ficou um rádio ligado
E um tarro quase cheio.
Junto ao gancho do esteio
Duas maneias colgadas...
Um balde de alça quebrada
Sobre um moerão bolcado
E no potreiro do lado
O berro da terneirada.
Um pouco antes do sol
Madruga - sim senhor -
Que até o galo o cantor
Se acordou num: -Era vaca!
No saibro um bater de patas
Despertou o "vecindario"
Junto a um simples cenário
Rancheirío de tabua e lata.

As chaminés fumegando
-Prenúncio de um novo dia-
Vai taloneando a tordilha
"Miguelito" estrada a fora;
Sempre, sempre a mesma hora
Dia sim e outro também
Rumo ao potreiro que tem
Bem perto de onde mora.

Na volta, ao tranco largo...
Sob a quincha de um céu claro
Prende a tordilha no carro
Que a lida por nada para;
"Empeza" de madrugada
E termina com sol alto
Depois que finda os reparto
Entregando de casa em casa.