Tu, cresceste sem sonhar com sereias
Teu pai te dava bofetadas e tu pensavas "eu te amo"
Tu, sempre recusaste ser domesticada
E, aliás, dizem de ti que não és cortês

Tu, cuidaste de todos os teus irmãos e irmãs
Da tua mãe também, aliás, quando ela estava a chorar
Tu, amaste um homem apaixonadamente
Mas não sabes por que ele partiu como o vento

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio

Tu, querias ser musicista
Há anos que na escola, treinas
Ele, disse-te "desculpa"
Mas a dois é triste, não se pode mergulhar

Então paraste e esqueceste-o
Mas bem no fundo de ti, a música, guardaste-a
E às vezes ouves baixinho a cantar
Uma melodia que à noite em segredo vais murmurar

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas

Tu, nasceste no corpo de um homem
Mas desde sempre, sentes que é um disfarce
Tu, decidiste que, para seres livre
Não terias filhos, seria o teu equilíbrio

E para todas aquelas cujas complexas vidas
Só serão contadas à volta de um copo à meia-noite
Que as vozes se elevem, que tomem as arenas
E que na noite se levante o canto das sereias

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio

Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas
Mulheres que convivem com o ódio
Vocês são soberanas
Vocês são soberanas

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