Se finda a noite negreada
Com a barra do dia moreno,
Que chega secando o sereno
Sobre o manto do pasto verde
Que pela campanha se estende
Povoando de cores o dia.
Criando debujos de vida
Que encantam os olhos da gente.

Mirando a poeira da estrada
Em vultos de grandes rodeios,
O gaúcho salta primeiro
Segurando a mangaço o estouro.
Luzem no couro do mouro,
Quando os tons do novo arrebol
Entre os primeiros raios de sol
Te clareiam em cores de ouro.

“Coloreando as horas de calma,
Num rancho depois dos encargos.
Num cepo sorvendo o amargo,
Cambonas negreadas ao fogo em brasa.
No crepitar do brasedo, o calor do fogo embala,
Conversas com almas tão francas,
Chaminés largando fumaças brancas.
Coloreando sonhos das gentes da casa”

Colores do meu pago em flor
Avançam por toda pampa,
Forjando rudes estampas
De homens com palas e facas.
Com mangos; chilenas prateadas
E prendas com cheiro de flores.
Lábios rubros de amores,
Que enchem de cores a morada.

O açude reflete o azul do céu
E tudo que se achega ao seu espelho,
Que disforme se faz desparelho
Quando o pingo mata a sede...
E a pampa ao avesso se estende
Com todas as cores no olhar.
- Mil gracias meu Deus por mirar...
As cores do mundo em vertente.