Eu vim da periferia
Eu e todos os meus manos
Quando vamos pra avenida
Somos vistos como Django

Tô cuidando da raiz
Tipo os poeta angolano
Ouço Alright, mas Ghetto Gospel
Continua me tocando

E eu canto Capítulo 4 de trás pra frente
Mando Ponta de lança com crise asma
Faço uns RAP num passado recente
Se cê num pega a referência, então volte uma casa

E tem uns bagulho que não entra
Tipo pau mole em buceta
E a volta da ditadura, puta
Que não entra na cabeça

Me sinto num Stranger Things
Cadê Eleven para nos salvar
Numa final de NBA
Cadê o Curry para arremessar?

Tamo num mundo Black Mirror
Todos os lado é Blackout, tipo o universo
Por isso a todo tempo a gente Star Wars
Ou Blackstar do Bowie vendo a morte perto


Não me prendi a nenhuma religião
Pois quando escrevo sinto que é o bastante
Meu coração é um Deus em mim
Enche o tanque de coragem que viver é minha oração

E eu afino minha caneta no ouvido
Com os RAP mais pesado que posso escutar
Insisto na poesia
Bolo uns plano com as palavra que um dia nóis vai dominar

Nas ruas os olhares escassos quando muito raros
Vazios desapropriados
Ponho um Marvim Gaye no fone pra ver se melhora o quadro
What’s going on? Tempos modernos do Chaplin, cuidado

Sonhos fedem na calçada, têm a pele acabada
Mas tudo se resolve com ração
E o discurso de ódio impera
Nesse momento me sinto um personagem do livro do Grande irmão

E é assim que eu vejo o mundo
Com meus olhos eu mergulho bem profundo
Na imensidão de todos nós e tudo tento
Suportar, mas não dá, não...

Porque eu tenho apenas duas mãos