Franzoni

Nós somos mão de obra barata
Pisado igual barata pelos magnata de terno e gravata
Somos os cães vira-lata
Chefe fala e nóiz acata nessa correlação ingrata
E o que me mata é ouvir o meu patrão chamar rapper de ladrão Na maior hipocrisia
Eu não entendo a confusão e na minha opinião
Ladrão é quem roupa oito horas do meu dia
Somos classe operária
Situação precária desde as capitanias hereditárias
Somos vida ordinária
Com os olhares vazio igual as contas bancárias
Abuso de autoridade
Que faz o povo achar que é normal passar necessidade
Me fizeram engolir sapo, hoje vão engolir verdade
Isso é mais que rima, é um tapa na cara da sociedade
Somos base e pilar
Mas eu cansei de ser muleta
Enquanto cês não ouvir nossa voz
Vão continuar ouvindo o som das bereta
Tudo isso ao seu redor menor
Melhor prestar atenção
Mais do que passar a bola
Eu vim pra passar visão
Cê tem noção? Os fela não convence
Se nóiz tudo produz, então a nóiz tudo pertence
Jamais em vão, só ve se não se espanta
Que os punho cerrado hoje vieram pra cerrar garganta

Martan
E a velha figueira que se moscar vira fogueira vai começar assim
Vão derrubar a Praça XV pra fazer um shopping
Falando nisso até toco no assunto onde é pesada a cruz
Dá pra fazer 7 pontes com o gastos da Hercílio Luz
Onde nem tudo que reluz é ouro
Bota o Gean na mão do povo, única certeza é que termina em couro
""Mas pô, Floripa é bonita pra caralho"", cês me dão tédio
Na frente da faleva, uma cortina de prédio
Cidade da pior mobilidade urbana
Onde pra andar 100 km tu vai levar uma semana
Gringo vem, respira ar puro
E ganha a vista de lambuja
Nóiz sem água e no escuro
E ainda deixa a praia suja
Minha cidade fede a chorume
Onde o filho de rico estrupa e mata, depois disso sai impune
Artista da globo que todo dia vocês vê
Viciado em pó, isso não passa na TV
100 mil em puta e droga gastos em Jurerê
É Internacional
Imagina eles ouvindo isso com uma crise emocional
Sensação sensacional
Eles as pampa lá bebendo e batendo o carro
Nóiz sofrendo repressão policial
Normal, onde eu vivo é assim
Lugar onde o pobre se fode o pro rico felicidade não tem fim
Normal de novo, cês erra
A parte boa disso tudo é que o fim é 7 palmos abaixo da terra
Da mesma forma contra a reforma trabalhista
Onde a Dona Maria aos 60 vai trampar mais 60 como diarista

Versa

Faço com amor o que faço, isso é um fato
Predestinação desde o momento do parto
Não me encaixo, só encaixo a rima na batida
Uso o rap como meio, revolta, falada escrita
A minha sina é fugir do seu ideal
Não tem porte físico, o meu negócio é mental
Não tem livro, não tem capa e também não tem clichê
Você sabe, nossa história não passa na TV
Nossa versão não tá registrada, foi apagada
E as minhas ancestrais foram incineradas
Opressores, colonizadores, servimos de base
Monumentos não nos citam, refletem homens covardes
Século XXI e ainda temos que ouvir
MCs que ainda não aprenderam a nos engolir
Na busca pelo ibope até agridem mulheres
Enquanto bate no peito pra falar que é o rap
Não tem estresse, pra sua ladaia
O que acha de mim, não to afim, hoje eu não vou dar trela
Eu to armada, minhas irmãs na reta guarda
Você fala, fala muito mas não rela o dedo nelas
E as cachorra vagabunda puta sempre na labuta
Pra pagar as contas enquanto tu aponta e insulta
Alimentando, incentivando essa lógica suja
Se não faz o que cê prega, então você também tem culpa

Guh

Lembranças desfocavam minha visão
A todo momento uma nova reação
Procurando em batalhas algo pra surpreender
E algo nessa vida que me ajude a vencer
Eu via tanta decadências por essas quebradas
E umas coisas que a todo momento piorava
A pobreza e a corrupção
Que era como uma infecção no meio da minha nação
Lutando e lutando como um MC
Minha voz era vacina no meio da UTI
E esse governo que nunca quebrava
Mas eu vim para o derrubar com as minhas palavras
Eu to pronto pra lutar
Vou pegar minha caneta e vou partir pra protestar
E é nesses momentos que eu retorno a persistir
E eu to sempre pronto pra aprender e pra ouvir
Vivendo e vivendo pronto pra ver
Aqueles que falaram que nóiz nunca ia crescer
E essa é nossa vida, somos freestyleiros
Vivência de rua, só pra quem é verdadeiro

Marinoski

E eu me lembro do Mandela, lembro do Marighella mano
E se eles dessem uma desculpa?
Me observo com cautela e abro a minha cela pra achar
A minha parcela de culpa
Vejo que eu sou culpado, não é só o estado mano
É preciso admitir
Se cê fosse o deputado, o Brasil teria mudado ou cê também teria roubado?
É melhor olhar pra si
Vê, se tivesse a opção na palma da tua mão
Quem que não quer chegar em primeiro?
Eles não brotam do chão, nóiz criou esses ladrão
Com o jeitinho brasileiro
É preciso se avaliar, sem se aliviar
Pra não avariar o que já tá zuado
E eu não vou me perdoar mano, eu não vou descansar
Até que esse cenário seja mudado
Sapiens Neandertal, nóiz age igual animal
Com essa mente paralítica
Os de 10 tão no sinal, tamo perto do final
E ta faltando auto-crítica
Então me fala na moral, qual tua culpa afinal?
Ou ela é só dos políticos?
Somos um ser social, nossa cultura ta mal
Desde o tempo Paleolítico
Precisa se libertar daquilo que foi colocado pra
Destorcer tua visão
Precisamos descartar aquilo que foi injetado pra
Te transformar em um padrão
Tem que se aprofundar pra não se afogar
Nesse mar de hipocrisia
Deixa os outros falar, deixa a manada passar e
Seja sempre o seu guia
Foda-se as frases de efeito, o próximo prefeito
Abrace esse conselho
E faça as pazes com o monstro que te encara cara a cara
Em frente ao seu espelho
E essa é minha contribuição, nem fico de falação
Só precisava te dizer
Que antes de matar o mal que que mata essa nação e que acaba com o mundão
É preciso matar o mal que há em você