As almas adormecem sob o calor intenso
E as palmeiras balançam, valas de imundície
Nossa terra atolada onde o povo é um mendigo
E o céu é suspeito de ser tão belo e tão azul
Cada dia é uma dor, veia sob o astro brilhante
As devaneios são amordaçados há muito tempo
O futuro parece vão, o tirano tão poderoso
Mas-mas-mas de onde vêm esses cantos, essas vozes que ouvimos?

E sob este grande sol, ditador como um pai
A boca pastosa de sonho um dia se dessedenta
Umedece esses lábios, libera o que eles retêm
As fórmulas que eles celebram e o país que vem
Derruba a ditadura, pisa em suas estátuas
Vamos repintar as paredes, disse o homem da rua
Depor o déspota, plantar novas flores
Somar nossos corações, fazer deles arquipélagos

O sol no zênite, a rua nos convida
Nos abriga um dia, nos levantamos para ser livres
Debatemos, nos agitamos, inicialmente evitamos
A violência que eles implicam, que eles refletem, que eles aplicam
Respondemos com rimas, inventamos rituais
Desconstruímos seus mitos, recusamos a fuga
Eles nos rastreiam por satélites, nos enviam o exército, a polícia
O humor é sísmico, então um dia respondemos
É o estrondo na cidade, a bravura do civil
E a força vem de longe, do amor pela vida
Enfrentamos o destino, os punhos estão em brasa
E batemos, contra-atacamos olhando para o amanhã
E a esperança que nos carrega nos ajuda a resistir
Escrevemos hoje os poemas do futuro
Embora caiamos constantemente sob o fogo de seu ódio
Se eles nos enterrarem, eles perderão porque somos sementes.

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