Cidade, quem dera fosse minha
Estas ruas já não sabem o que passei
Por ser quem sou, por ser mulher
Meu corpo, quem dera fosse meu
Marcado e misturado com concreto
Que levanta arranha-céus dentro de mim, dentro de nós

Hoje ele é instrumento de quem resite
E insiste em circular quando pintam muros de cinza
Concreto, cimento, mulher

Pesa ao ultrapassar espaços que não devia
Quebrando como se fosse britadeira
Incomoda com sua beleza
Mas assusta quando é vista muito livre

Por onde passa, torna o caos em poesia
Cada palavra é munida com sementes
Cada lágrima irriga outras batalhas
Nada detém a primavera

Hoje ele é instrumento de quem resiste
E insiste em circular quando pintam muros de cinza
Concreto, cimento, mulher