Sobre a varanda, sorvo o mate que me alcanças
e a cada gole, eu retardo a minha partida.
Na escuridão dos teus olhos, os matizes
deste momento que antecede a despedida.


E, lentamente, outro “mate para o estribo”
enches calada, num adeus mudo e profundo.
Eu beijo a bomba com a ternura de quem parte,
mas leva n’alma o amor maior do mundo.


E, quando ronca o chimarrão, mostrando a hora
de estradear novamente - companheira -
fica a lembrança das partidas e retornos
no ranger suave dos arames da porteira.


Mas, vou rever-te em cada curva do caminho.
Na brisa mansa, em cada mate que sorver
e nos meus sonhos, nem mil léguas de distância
serão lonjuras que me façam te esquecer.


Quando a cambona que nos tentos, me acompanha,
chiar nas brasas de um foguito à beira estrada
será ainda novo o meu mate de regresso
rumo a querência e aos teus braços, minha amada.