(Nega Gizza - Interlúdio)

Nós não somos nada disso que tem nos atravessado a séculos.
Toda essa névoa que paira sobre nós não fala nada sobre nós,
pois constantemente somos reduzidos à violência, miséria, escravidão e todos infernos possíveis.
Enquanto quem maltrata nosso solo determina nossas crianças como sementinha do mal,
mas ninguém fala que nunca vimos nosso pai e que a visita do caveirão é semanal.
Colocaram gritos e tiros em nossa semântica.
Não, não precisamos de sânscrito pra entender que liberdade e saudade são palavras sagradas.
Então rexpeita nosso chão

(Onni - Verso)

Essa é pros sobreviventes de vários carnavais,
espíritos da noite, coração voraz,
me diz, em terra que a morte vem com aval do estado
vai esperar o que de quem deu o filho de recado,

aqui quem diz que é barça, na decisão tá pelo real
tipo: qq tem eu ser leão, achei demais o seu quintal (uau)
Mas a vida na selva segue do mermo jeito,
a fome vem nós dá um jeito, a morte vem nós dá um jeito,

amor, de qualquer jeito o meu amor é o maior castigo,
cê num percebe que pra verme qualquer chão é paraíso,
e o caos em torno disso mantém a engrenagem,
ate na capa de nossos discos tem preto atrás das grades,

nossa selecao natural tem olhos que condenam,
engenharia social, muda o técnico, mermo esquema,
os boy fala de marx e fugir da matrix
e nós aqui rezando pra passar batido na blitz

me diz, quem nos protege de quem protege o estado?
é a morte a mando de um capitão nascimento,
baixada não tem piedade, sem tempo pra recado,
mas leva isso pra vida: drama não é entretenimento

(DJ Nyack - Scratches)

(Onni - Verso 2)

bagulho estranho,
aos olhos da burguesia nós tem que ser neymar ou ganso,
bagulho estranho,
os próprios preto financiando um novo egito branco,

shii, silêncio na sala, olha pro quadro negro,
veja que o nosso medo é moeda pra expansão da senzala,
mano, até quando seremos abatidos?
sei lá, mas por enquanto seremos Abdias,

então, melhor pegar a visão: a rua não é videogame,
quem me protege mandou avisar: Exu não é shinigami,
sem vacilar, sem vexame, pôr o circo em chamas, enfim,
tem Malcolm X demais no meu Luther King,

lapidado pela fúria contida em nossos olhos,
responsa demais pra quem só teve como pai o ódio,
veno X9 portano drone, dadinho no jutsu dos clones,
onde o que define o homem é aquilo que o corrompe,

mano, os caminhos tão abertos, mas em qual direção?
vê legal em qual mão tá o carimbo da legitimação,
nosso ritual aberto pra pagão por saber que vão pagar
ham, também quero ver quando zumbi chegar

(DJ Nyack - Scratches)