Depois de um abraço,
daqueles de todo gosto,
o coração frouxa as penas
pela lágrima no rosto.
Ela vem devagarzinho...
Acompanhada dum sorriso.
Vai transbordando carinho
e, nada mais eu preciso.

 
A força imensa da lágrima
traduz todo o sentimento
e reflete a nossa alma
na limpidez do momento.
Ela cura e cicatriza,
nos deixa muito mais leve:
A lágrima é chama viva,
é fé contida nas preces.

 
Às vezes, visita aos prantos,
meio louca,  extravasada.
E suaviza aos poucos
pra terminar em risada.
Reduz o poder da fúria,
amansa a dor e o tédio.
Ela nos cura e acalma
fazendo vez de remédio.
 

Surge assim do inesperado
pra colorir nossos dias,
remenda o que estava errado
reinventada em poesia.

 
Está num olhar de filho
com toda sua plenitude,
nos visita com seu brilho
e mansidão de açude.
Chega sem pedir licença
numa palavra de afeto,
e acaricia a velhice
de mãos dadas com o neto.

 
Às “vez”, vestida de luto
nos machuca e nos atora.
Só ela sabe o jeito
de agir em cada hora.
Quando rola em nossa face
não tem disfarce nem cor,
traduz nesse desenlace
a alegria e a dor.

 
Hoje chegou de visita,
se apoderou do meu ser.
A vejo  linda, bonita
e convido pra conviver.


 
Em cada canção que ouço,
em cada voz que escuto,
ela se achega e sussurra
e o mundo pula os muros.
Até num gol do meu time
ela vem me visitar,
ela fez as pazes comigo...
E então,,, eu choro...
Quase morro de tanto chorar.