Este fato aconteceu, Deus não dá a glória Dele pra ninguém.

Em uma festa tão longe, numa cidade pacata, de um bairro de interior,
Fizeram uma grande festa e convidaram para a festa um famoso pregador.

Os outdoors se espalharam, cartazes pra todo lado, na farmácia, na fazenda,
Na cidade se alastrou e a febre foi tão grande, idolatravam, idolatravam,
Mas no dia dessa festa, veja o que Deus aprontou.

Nesta noite esperada, caravana amontoou, carros pra todo lado,
E carroças com senhor gente montado em jegue, nessa praça ali chegou,
Gente montado jumento, lá nos cantos se amarrou,
Gente montada em mula, nas beirada ali ficou,
Gente trepada em árvore, lá em cima se olhou,
Uma multidão imensa, com o ouvido afinado para ouvir o pregador.

E cantaram os três rios e passaram o pregador,
Pregou quinze minutos e dos trinta ele passou,
Nem um glória ou aleluia da multidão ele arrancou,
Levanta a mão e da glória nada, nada funcionou,
Foi ficando avermelhado e as palavras ele trocou,
E a multidão dizia, o que deu com o pregador?

Olha, ô pastor presidente, estou nessa batata quente e não posso mais pregar,
Pois o céu está fechado e nada funciona aqui nesse lugar,
E o Senhor me revelou, tudo isso se passou porque a cidade idolatrou.

E o pastor presidente, com aquela batata quente, pensando o que falar,
E uma carta estampada, carta de apresentação, lá em cima do altar,
Era um irmãozinho da roça, butina e gravata torta, foi ali pra cultuar,
Não sabia quem ele era, mas na hora do desespero, lhe atreveu a chamar,
Butina e gravata torta, foi subindo no altar, os grandão tudo alternado de rabo de olho a olhar,
Ele não se importou, pegou aquele microfone e começou a pregar.

Em apenas cinco minutos que aquele homem pregou,
Deu um clarão lá no céu, o reteté começou,
As crianças assim pulavam igual pipoca no calor,
Os velhinhos assim dançavam igual irmão Joel falou,
Os jovens profetizavam na unção e no amor,
O moço em cima do jegue não caiu, sapateou,
O outro em cima da mula e de lá profetizou,
Outro em cima da árvore não caiu e batizou,
E subiu o poeirão e desceu o pentecoste, a cidade assim clamou.

E o pastor presidente, com os olhos arregalados, vendo aquele pentecoste,
O show do sapateado e o altar acompanhou, algum de quatro ajoelhou,
E sapatearam tanto, multidão com o altar, que o altar até quebrou.

Nesta mesma madrugada, uma velhinha com amor, às três horas da manhã,
Foi à casa do pastor, pastor vim lhe contar o que foi que Deus mostrou,
Sabe aquele homem escuro que no altar o Senhor chamou, é o da gravata torta,
Ele mesmo, sim senhor, logo que o Senhor chamou, ele deu um clarão lá no céu,
E uma pomba apontou, a pomba veio voando, era imenso o esplendor,
O clarão era tão grande que a multidão brilhou, ela veio e pousou no ombro deste senhor.

Foi aí que eu pude ver como tudo começou,
As crianças assim pulavam igual pipoca no calor,
Os velhinhos assim dançavam igual irmão Joel falou,
Os jovens profetizavam na unção e no amor,
O moço em cima do jegue não caiu, sapateou,
O outro em cima da mula e de lá profetizou,
Até mesmo o Senhor sapateou em meu pastor,
Olha o que vocês fizeram, até o altar ali quebrou,
E eu volto a repetir, foi assim que começou,
A pomba encostava o bico na boca deste senhor,
E a pomba mexia o bico na boca deste senhor,


Ele não pregava nada, ele só mexia a boca,
Eu vi, meu pastor, foi a pomba que pregou...