Lampadário

Frente a turba aturdida
Sobre o cinza da paisagem
Livre dos grilhões da carne
Singra a alma, fulge a vida...
Luminosa travessia
Pensamento em desalinho
Voejando ao velho ninho
Fui do caos à calmaria...

Na clausura do meu eu
Entre amores e martírios
Em mim mesmo fiz exílio
No afã de me encontrar
E na paz de um novo lar
A emoção resplandeceu...
Marejando os olhos meus
Na ventura de voltar.

Voltei...
Tantas coisas eu vivi
Fui ao âmago de mim
Fiz sofrer, sorri, amei...
Voltei...
Primaveras eu senti
E ao retornar descobri
Sei bem menos que pensei.

Jubilosa caminhada
Ensejei ao retornar,
Aprender, recomeçar
Ser candeia e clarinada...
Alma livre em revoada
Sob as luzes de Jesus
Acendendo a própria luz
Em sublime alvorada.

Mãos amigas em afagos
Braços fartos de amores
Serenaram minhas dores
Nortearam meu andar...
A servir e amparar
Alentei meu coração,
Do amor fiz redenção
E hoje posso lhes contar.