Calango
(Gustavo Praça)
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Alô colega, vou cantar nesse repente,

A lagoa da Turfeira, vou cantar nesse repente,

A lagoa é invisível, não é por cegueira da gente,

É que entre os olhos e a água

Tem muito carro na frente



Alô colega, tem muito carro na frente,

É que entre os olhos e a água

Tem muito carro na frente



Invisível é a lagoa na memória da pessoa

Porque o barulho da Dutra

Apaga-a de forma abrupta



Alô colega, apaga-a de forma abrupta,

Porque o barulho da Dutra apaga-a de forma abrupta



Invisível porque andamos

Só pela rota do asfalto

E já quase não precisam

De sola nossos sapatos



Alô colega, de sola nossos sapatos

E já quase não precisam de sola nossos sapatos



Visível no Google Earth

A 10 mil metros de altura

Mais real assim na terra

Que na real visão nua



Alô colega, que na real visão nua,

Mais real assim na terra

Que na real visão nua



Visível ainda a lagoa

Aos olhos de uma coruja,

Atenta (não como nós)

Ao pulsar do chão de turfa



Alô colega, ao pulsar do chão de turfa

Atenta (não como nós)

Ao pulsar do chão de turfa



Nós só vemos desejados

Celtas, Corsas, volks, Kia

O design do triste Pia,

Do Tricolino, apagados



Alô colega, do Tricolino, apagados

O design no triste Pia,

Do Tricolino, apagados



Mas eis que brilha a lagoa

De repente, muitos vivas,

Ganha colar de automóveis,

Trilhas interpretativas



Alô colega, trilhas interpretativas,

Ganha colar de automóveis,

Trilhas interpretativas



Visível agora lagoa

É gema de corolário

Mais efetivo que as aves

E seus voos arbitrários



Alô colega, e seus voos arbitrários,

Mais efetivo que as aves

E seus voos arbitrários



E assim vamos saindo

Do calango com harmonia

Lembrando de Aníba Pinto

Campeão da cantoria



Alô colega, campeão da cantoria

Lembrando de Aníba Pinto

Campeão da cantoria



Que era um caboclo besteiro,

Cabra da fala macia,

Pisa na água não afunda

Na folha seca não chia.