A Casa das Janelas Brancas is a song in Portuguese
A CASA DAS JANELAS BRANCAS
A casa das janelas brancas era simples...
Tinha assoalhos rangendo um tempo antigo,
pinturas descascadas pelos vincos das paredes
e pilares altos emoldurando portas a imitar catedrais.
A casa das janelas brancas chorava nas madrugadas...
Quando o canto das serenatas embalava a lua cheia,
atiçando fantasmas pelas miragens noturnas,
que o campo produz ao som de violinos tristes,
valseando a cadência de um pranto silente
debruçado sobre as rosas murchas do jardim...
A casa das janelas brancas era no meio da mata...
Rodeada de pitangueiras, laranjeiras e assombrações,
com histórias e estórias que o tempo não contou,
mas que a alma deste rancho resguardou
pela simplicidade da vida gaúcha
e dos mistérios em que se crê!
A casa das janelas brancas era povoada de fé...
Ali, ergueu-se um templo de messiânicas partilhas,
desde o sonido adormecido de um cacique guarani,
implorando no seu canto um temor aos brancos,
que na eficiência exploratória catequizou os índios,
na esperança fugaz de ter um novo rebanho...
E nos encontros com o som dos atabaques negros,
surgiam raízes firmes nas mandingas dos porões
na sina rude destes velhos curandeiros:
Sofridos... Paridos... Perdidos... Longe dos seus!
A casa das janelas brancas era povoada de memórias...
Mas quem poderá contar a sina de ser casa grande?
Somente habitando sob a quincha ruída pelo abandono,
deste recôndito baú que o tempo guardou
pra sentir o que é ser parte desta história perdida
e trazer de volta no som dos batuques senzalais,
a esperança perdida dos homens de outrora...
E na risada do senhorio escondido pelas sombras,
um tom zombeteiro do mal que ainda assombra,
rondando os passos dos que refletem motivos
sangrados no alento da ganância e da dor,
pra os que andam perdidos de si e do seu tempo.
A casa das janelas brancas era um santuário perdido...
Um balaio de sonhos, ternuras e amores...
Refletia do alto das telhas toscas um brilho encantado,
Quando o sereno inverneiro, gotejava lágrimas tristes,
Na dor do criador a chorar pelos filhos nesta terra, encravados.
A casa das janelas brancas,
não tinha apenas as janelas brancas,
e sim, uma porta de luz!