“Será que, enfim, casou?”
A eterna noiva da rua
Será que não se cansou
De rogar um amor para a lua?*
Andejava pela cidade
A anunciar o seu casório
"Sábado sai a solenidade
Na Capela do Rosário"
Solta a língua sinhazinha
Maldizendo a gurizada
Pelas ruas a zombar
Desta noiva recatada
Solta a língua sinhazinha
Pra lembrar que foi amada
Seu amor é uma estrada
Sem princípio e sem chegada

Perdida em sua loucura
Singelas ofensas bradava
Envolta na triste ternura
Da ilusão que era escrava
Sonhava em seus delírios
O noivo a tomar-lhe a mão
A festança e todo o povo
Celebrando a casta união
As quimeras se desfazem
Nos caminhos da solidão
Meinha vagava sem paragem
A lastimar sua maldição
A noivinha enfim sumiu
Ninguém conta do seu fim
Embarcou em sua fantasia
Desvaneceu antes do "sim"