Eu sou do mato bravo
Da linha torta, profundo azul
Eu venho das montanhas
Do verde denso, pedra sabão
Ando pra todo canto
Pra meu espanto tudo é pretexto pra uma canção
Hoje eu teço o fio
Que mais parece linha de rio, arribação
Deixo o meu peito aberto
Pois estou certo que vai chegar
Um gosto bom e intenso
Que às vezes penso que é ilusão

Deslizo em cachoeira
Na Mantiqueira eu fui feliz
Corro pra todo lado
Meu contraponto é todo matiz
E vem a invernada, abre o desejo
Toda picada traz impressão
Que piso em barro mole
Em tempo das águas, sanfona, fole, som de bordão
Perfume de arvoredos, beleza clara
Pode durar um amor impossível
Laranja incrível, maturação

Ai morena, desenho teu rosto em minha visão
Ai pequena, bebe de leve meu coração
Ai morena, derrama teu corpo em meu lençol
Ai pequena, desata o nó vem ser meu farol
Ai morena, derrama as dores dessa aflição
Ai pequena, bebe de leve meu coração