Tinha um mano
Ali na quebrada
Chamava jhonny
Funkeiro
Curtia os grafite
Fazia uns ibope
Trampava
Numa oficina
Na rua nove
1 filho
1 casa
E uma magrela sem nome
Jhonny fazia uns bico de palhaço quando dava
Colava nas festas pra alegrar a criançada
O que ele mais amava no mundo era seu próprio filho
Sorriso de criança era pra ele o melhor caminho
Marcava as parede do bairro
Vulgo palhaço
Cabelo black power
As roupa no bagaço
Saia da oficina todo dia 12:00
Ia dar um colo pro filho
Tinha 8 ano ainda
Papo que ele levou a criança pra casa da patroa
Passar o fim de semana
mas já sabe o tempo voa
Então ele ia aproveitar o tempo livre
Curtir o baile agora antes que o dia vire

Largou um beijo no cria
E foi encontrar com os camarada
Baile lotado
mais famoso da quebrada
Papelote e os carai
Vodka e qualquer coisa loka
Enquanto ele mandava os passin
Não escutou o celular tocando
A patroa ligando
No outro dia ele ia acordar com uma notícia
Tiroteio na rua 11, 9 feridos, 4 mortos
Tudo na conta da polícia

A patroa e sua cria, acharam 3 balas cada
Agora Jhonny se afundou
Nas drogas e na desgraça
Se endividou pra fazer um funeral
Tão normal
E no meio da cerimônia prometeu vingança de forma brutal
Se afogando em lágrimas e alcool todo dia
Jhonny agora pretende fazer uma poesia
Usando nada mais que uma 44, uma faca, uma máscara
E uma mente distorcida
Deixa a tinta escorrer
Deixa o sangue secar
Dissecar todas as farda
Vamo ver quantos eu vou matar
Fogo no olho, risada na cara
Agora ele é um vilão
Antiherói
Anti-farda
De antemão
Deixou uma mensagem pra todos os seus amigos
"Agora eu sou mais nada"
"Agora eu sou o perigo"
"Peço a vocês a Deus o perdão pelos meus pecados"
"Mas a vingança me chama, e a chama não apaga fácil"

Plena madrugada
A patrulha ta armada
Viatura parada na calçada
Enquadro de esquina
Rua escura
Vazia
Cidadão de máscara, anomalia
Sem falar nada
Não aceita revista
Arma apontada na cara, ele nem pisca
Uma bomba estoura do outro lado da avenida
A distração precisa
2 nomes riscados da lista
1 dia, 7 dias, 15 dias sem respotas
Homicídios acontecem, serial killer é a proposta
Investigação, quem matou, quem é o bosta?
Policiais, heróis da pátria morrem pelas costas?
Covardia demais, filha da puta demais
Como podem ser situações tão banais
Depois de certo ponto todo mundo pede paz
Quem é o vilão, ou herói, nessa hora todo mundo esquece
Enquanto isso a palhaçada acontece

O palhaço continuou procurado, depois de 30 crimes
Acharam seu barraco
Jhonny escondido, precindiu seu fim
Fez sua última oração, com suas lembranças todas ali
E sem máscara nem nada decidiu sair
Casa cercada, colocou o pé fora e já não viu mais nada
A partir dali
De um jeito ou de ou outro, ele ia partir
Quem foi menos pior, quem se diz ser melhor
Vale lembrar que esse tipo de coisa acontece qualquer dia
Quantos contos desse já tem nome?
E o que resta é uma história cheia de furo igual o corpo
de Jhonny