O peixe que desce o rio e sobe a ladeira
Em busca do seu pão, não pode sonhar
Deixa a família em casa e que Deus proteja
A vida que dobra esquinas pra ir trabalhar

Olhares frios mostrando sonhos congelados
Mórbidos num estado solitário
Aqueles olhos frios presos à mente
Aquecem o bolso enquanto sonhos de liberdade deixam a alma doente

E são só sonhos de uma alma que outrora foi viva
Hoje com responsa, cura toda sua ferida
Em doses abissais que engolem a dignidade
Preso ao ciclo infernal e ao cansaço da idade

Tornou a vida dos seus uma dor que não cicatriza
Hoje o seu discurso é pra sociedade

Vítima do próprio ego
Cego, segue os medos
Pego pela rotina da mente
Pesadelo da vaidade

O peixe que desce o rio e sobe a ladeira
Em busca do seu pão, não pode sonhar
Deixa a família em casa e que Deus proteja
A vida que dobra esquinas pra ir trabalhar

Hoje volta carregado com a fúria de Zeus
Na sua casa a inocência morre aos poucos também
Não sonha e sufoca as ideias dos seus
Pra bolso cheio de ilusões, mente vazia convém

N'outro dia diz ""tá tudo bem""
Enquanto os inocentes fodidos da mente
Sentem um vazio enorme de outrem

Crescem flores cujas pétalas nascem cinzentas
Decretando o fim da inocência de alguém

A imagem refrata da água
Explode pro mundo
A mente desaba
Lições morais se afogam e morrem no fundo

Pois se o reflexo da tua imagem não se move de acordo com tuas palavras, o que queres dizer pro mundo?

O peixe que desce o rio e sobe a ladeira
Em busca do seu pão, não pode sonhar
Deixa a família em casa e que Deus proteja
A vida que dobra esquinas pra ir trabalhar