O que se deve fazer
Quando não se sabe fazer nada?
A gente se torna um faz-tudo
A gente tem os aborrecimentos mais diversos
Nunca temos tempo para beber um copo
Sem correr o risco de engolir errado

Enquanto isso, Gaspard, é um pobre negro
Que varre as calçadas
Quando ele termina de varrer
Ele volta para casa e vai dormir
Margot, é uma datilógrafa
Sentada atrás de sua mesa
Ela se empanturra de chocolates
Quando não há mais, ela vai ao cinema

E eu, passo meus dias me disfarçando
E fico todas as noites em pé sob a chuva
Corro o risco de levar golpes
E eu não gosto nada disso

O que se deve fazer
Quando não se sabe fazer nada?
A gente se torna um faz-tudo
A gente tem os aborrecimentos mais diversos
Nunca temos tempo para beber um copo
Sem correr o risco de engolir errado

Enquanto isso, Jojo de Issy-les-Moulineaux
É um motorista de metrô
Quando ele chega ao terminal
Ele vai passear de ônibus
O tio do marido da minha cunhada
Trabalha com o primo da minha mãe
No domingo ele faz a farra
Com o cunhado do primo do papai

E eu, faço ora de guarda-costas
Ora de vidente extra-sensorial e isso me incomoda
E tenho que duelar
E acho isso imoral

O que se deve fazer
Quando não se sabe fazer nada?
A gente se torna um faz-tudo
A gente tem os aborrecimentos mais diversos
Nunca temos tempo para beber um copo
Nunca temos tempo para dar uma volta
Nunca temos tempo para dormir
Nem para comer petiscos
E isso já dura há muito tempo
E estou farto, farto, farto, farto, farto

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