Raspa-se o céu
Para que não o olhes
Por isso eu te espero aqui
Deixando crescer meus jardins

Radiante como um funeral
Entrando no armário
Para o beijo amargo que me beijará
Quando nosso relógio enferrujar

A cabeça
Saindo das matinas
Desce a ladeira pedregosa
E tenta apagar os candeeiros

Fracassa e se cansa de rolar
Os andaimes aplaudem
O pátio vaia e ela se levantará
Fumando os paióis

Que meu grito faça amor com o esquecimento
Nunca pretendi, sei que só restará
Esta maldita solidão
De tragos tristes em copos feridos
Do que me deste, do que não voltará
Esta maldita solidão

Eu rio
Sentado nos trilhos
Bebendo a tempestade
Fazendo soar as trombetas

Sabendo que não vai parar de chover
E me colocarei no sogato
Desfolhando o tempo que me resta
Quando o caminho eu esquecer

Que meu grito faça amor com o esquecimento
Nunca pretendi, sei que só restará
Esta maldita solidão
De tragos tristes em copos feridos
Do que me deste, do que não voltará
Esta maldita solidão

Ah-ah
Esta maldita solidão
Ah-ah
Esta maldita solidão

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