Preciso de alguém que me dê colo
Que diga vai ficar tudo bem ainda que seja mentira
Que acolha meu corpo opaco meu peito sincopado meus olhos apagados
Que seja um porto ou um bar fiado.

Preciso de alguém que me dê solo
Que devolva meus passos descambaleando-me do abismo
Que diga que a hora é agora, que prove que há uma vida afável lá fora
Que dê à minha alma o que tanto implora

Eu sempre quis ser a força inabalável dos meus amigos
Fui remédio remendo remador
só não fui remido
Agora o meu pranto silente é a mais pura vertente desse meu afã
que me dispersou para longe do meu divã
Preciso de alguém que adote minha alma órfã

Preciso de alguém que me chame tolo
Que diga que me equivoquei e me apaixonei sozinho
Que zombe do meu affair mas que também amaldiçoe aquela mulher
que amargou sem escrúpulos o meu suflair

Preciso de alguém que me dê fogo
Que dissolva todo esse sal do meu suor e do meu choro
Que diga que me ama na cama e depois na orla da minha varanda
enquanto contemplo o mar que me inflama

Eu sempre quis ser a força inabalável dos meus amigos
Fui remédio remendo remador
só não fui remido
Agora o meu pranto silente é a mais pura vertente desse meu afã
que me dispersou para longe do meu divã

Eu sempre quis ser a força inabalável dos meus amigos
Fui remédio remendo remador
só não fui remido
Agora o meu pranto silente é a mais pura vertente desse meu afã
que me dispersou para longe do meu divã
Preciso de alguém que adote minha alma órfã