Vou tomar algo para a dor
Até já não sentir mais
Toma a minha alma eu ta dou
Já não preciso disso mais
'Tou preso ao que já se passou
Desculpa não sorrir mais
Os dias passam num voo
P'a mim são todos iguais

Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai

Não vejo a tinta das flores
Não vejo a cor dos quintais
Não vejo o brilho dos fios d'ouro
P'a mim são todos iguais
Virei um azulejo antigo aqui
Sempre a repetir-me no meio do calor
Eu só quero deitar-me ao comprido
Até ser recolhido num contentor

Já mandei mais um comprimido
Não quis saber do tipo nem da cor
Na minha cara escorrem pingos
Mas eu não comunico com o meu contador

Ai, ai vou tomar algo para a dor
Até já não sentir mais
Toma a minha alma eu ta dou
Já não preciso disso mais
'Tou preso ao que já se passou
Desculpa não sorrir mais
Os dias passam num voo
P'a mim são todos iguais

Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai

P'a que é que eu quero ganhar a grana
Sem comprar filigrana para ti
P'a que é que quero fazer a cama
Os lençóis ainda cheiram como a ti
Eu tenho de fugir p'as ilhas, p'as montanhas ou para o mar
Eu ando a pisar armadilhas pela pica de as pisar
Só pela pica de as pisar

Já mandei mais um comprimido
Não quis saber do tipo nem da cor
Na minha cara escorrem pingos
Mas eu não comunico com o meu contador

Ai, ai vou tomar algo para a dor
Até já não sentir mais
Toma a minha alma eu ta dou
Já não preciso disso mais
'Tou preso ao que já se passou
Desculpa não sorrir mais
Os dias passam num voo
P'a mim são todos iguais

Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai