Nesta cidade pequena esse fato aconteceu
Uma igreja doutrinada na presença de Deus
Proclamaram um batismo e a cidade se alertou
No rio dessa cidade, dois tipos de multidão na beirada ali chegou
De um lado, uma multidão cantava e glorificava
Do outro lado, uma multidão zombava e profanava
No meio daquele rio, um a um se batizava
Quando ouviu-se um clamor, um homem em cima da mula
Com dois revólveres na cintura e para o pastor gritou

"Batiza a minha mula, vai ter que batizar
Se não, uns quatro ou cinco nesta tarde eu vou matar
Pastor, no meio do rio, primeiro que morrerá"

Com lágrimas, o pastor ainda falou que aquilo era obra santa
Mas o homem esbravejou, montado nesta mula, neste rio entrou
Dando gargalhada, com o revólver apontado na direção do pastor

"Batiza a minha mula, vai ter que batizar"
A multidão profana gargalhava, a delirar
E os crentes, todos acuados, vendo o profano abusar

Entrando naquele rio, a dois metros do pastor
A mula levou um choque, e a baía esperneou
O choque foi violento, que o homem não aguentou
De cabeça para baixo, nesse rio se afundou

Entraram as multidões ao rio para procurar
E a mula saiu vazada, desesperada para pastar
Procuraram tarde, noite, e nada de encontrar

No outro dia bem cedo, a natureza revelou
O rio dessa cidade totalmente esvaziou
No meio daquele rio, a multidão o encontrou
Meio metro ali enterrado, de cabeça para baixo
Onde o revólver ficou

Vieram os bombeiros ao corpo apanhar
Perguntaram um a um, mas ninguém soube explicar
E o pastor gritou bem alto, "Eu tive a visão
Quem matou esse homem foi aquele mesmo anjo
Que parou a jumenta de Balaão"

"Batiza a minha mula", e o anjo a batizou
Só lhe encostou a espada e aquele homem morreu
Este é o resultado de quem profana a obra de Deus