Sou a voz que o surdo finge ouvir
Como amar é sentir frio a noite (e sinto)
Quer descobrir se eu estava te amando,
Nunca viu o meu sorriso ao te ver sorrindo?

Os livros que deixei sobre a sua cama
São de palavras que eu disse, todas em silêncio
Parece saudade, mas é só insônia
Ou será as duas no acaso do tempo?

E assim tudo só lembra você
Qualquer esquina, vida, versos
Devaneio, desejo, um amanhecer
Da saudade que escrevi entre choros imerso

Embora eu pensasse coisas pra falar
Há tanta beleza em te olhar fingir
Que não sei tanto o que te é tristeza
Beleza mesmo é te fazer sorrir

É que fui pensar na noite e só restou ausência
Agora o que sinto se pode escrever
Porque pedi minha rosa e o vento não a trouxe
Talvez ele quis assim só para eu te esquecer

Assim então talvez seja o amor
Talvez assim eu nem tenha amado
Talvez assim viveria melhor
Do amor de mim mesmo sendo acompanhado

Por causa de ti já não tenho palavras
Por causa de ti ninguém quer escuta-las
O amor é paz, felicidade e luz
O amor em mim são saudades passadas

Vivendo sozinho uma história já escrita
Onde flores são dores, feridas narradas
As árvores com folhas caídas sem vida
A beleza que existe é irônica e mais nada

Quem me vê em silêncio, sentado
Pensa: o que quer um garoto tão triste
Diante o mundo e a beleza que existe
Com um sorriso aflito, tão magoado

Entretanto, planos incompletos
Só me restou saudade
Não, se há tempos perdi o encanto
Meu certo é incerto, sem tudo, uma metade

Espero que você entenda
Que amor é esperar
Só que espera demais pro peito, é conflito
Quando já sabe o que encontrar

É tão sincero o meu desabafo
Como palavras em noites chuvosas
Entender o que dizer e não quando querer (dizer)
Fazem essas palavras serem ansiosas

O silêncio é só o que nos resta
E não foi bom ver essa diferença
Vi tantas falhas escritas em linhas
Que minhas cartas viraram doenças

Quero te amar pela a vida inteira
Mas vejo essa dor como quem me engana
Deixo me aqui na certeza de que
Achará a quem tanto te ama