Quanta coisa inútil me dói, são coisas que acontecem ou é só minha emoção?
O que me dói não é o que há no coração, mas todas as coisas que pra mim não existirão

Sossega o coração e dorme, entre o sono e o sonho, entre em mim e o que em mim
É o quem eu me suponho, eu comparo essa dor que corre a um rio sem fim

Somos tudo que temos para viver, uma vida que é vivida e a outra que é pensada
E só uma que vivemos que é indefinida, entre verdade e mentira
Quero dormir e esquecer, um belo sono pra minha alma se acalmar
Cair em qualquer calma, sem que ser, sem sequer pensar

Não quero rosas desde que haja rosas, quero-as quando não puder mais haver
Eu sei que faço coisas que só me machucam, mas não quero as que qualquer mão pode colher
Não quero a noite senão quando a aurora, fez o ouro em azul diluir
O que minha alma ignora os meus olhos choram, por coisas que eu não posso mais possuir

Na noite penso o quanto sou, um deserto imenso onde ninguém ficou
De um distante impreciso e com o olhar ausente, e de repente esse céu que chorou

Foi difícil falar enquanto cê não ouvia, só queria fugir dessa tarde tão fútil
Foi difícil pensar nesse sorriso lindo, silencioso e agora inútil

Não sei quantas almas eu tenho, só sei que em cada uma delas eu mudei
Em todas elas isso que me dói, porém nunca me vi e nem nunca achei
De tanto ser eu só tenho minha alma, quem tem alma não tem calma
Quem vê é só o que vê, e quem não sente é quem sente mais falta

Já não me importo ou penso em amar, nesse mar eu sou um navio que hoje chega a um porto
Nada me resta além de ali estar, que sem o poder do ver eu me perco em seu rosto
Quer saber como me sinto só? me sinto triste e assim tão livre
Vôo em crise, e para onde vou? Onde vou sei que nada existe