Língua afiada,
Faca amolada
Troca de vida
Troca de amor
Troca de dor
Troca de verso, repente nagô

Quanta janela
Quanta vidraça
Quanta fumaça
Pouca floresta
O que te resta
O que não passa
Passa ou repassa recados da terra
Quem tem medo da folha
Logo fica na encolha
Se vê rio manchado
Ou se vira a canoa

Segura o reggae
E a criança
Segura a batida que dá segurança
A benção Valdina
Benção Regina
Mãe Terezinha
Nega Martinha
Paranoá, viva a Xambá
Refazenda, refazenda

Caboclo me diz o que aconteceu?
Era meio dia e o céu escurece
Pra contar depois que a ira de Euê passar

Euê, o segredo da vida
Euê, o que vem da floresta
Dá folha vem
Da folha tenha fé
Dá folha vem
Da folha tem

A cura dessa vida louca
Que tudo devora, caminha pra ter
Passando por cima do rio
Concreto, ferida profunda do ser
Frieza mental que sufoca
Toda natureza provoca
Estragos irreparáveis
E os responsáveis seguem no poder
Salve a folha, a flor, a semente
Figueira, lenkê, baobá
Não concordo com essa humanidade
que come montanhas sem nem reparar
Das matas vão sobrar as cinzas
Porque servem de acessório
E o povo que planta, que cuida
Preserva a semente quer o seu território!