Perdido no mar
Sem saber por onde ir
Ou mesmo para onde voltar
À procura de um motivo
Que me faça acreditar
Uma voz, um pensamento
Algo para flutuar
Mas mantenho
O sonho na imensidão
Tanta água à minha volta
Sem ninguém para dar a mão
Tanto sítio para onde ir
Sem comunicação
E tanta vida lá em baixo
E eu aqui na solidão
E a pergunta
Mantém-se mesmo aqui
Porque dás tu tantas voltas
Quando não tens onde ir
Porque abres tu o peito
Para o coração olhar
Pegam nele tantas vezes
Já nem o podem segurar
E a lembrança
A um passado de dor
Deixa asa à esperança
Para nascer a nova flor
Deixa gotas de memória
Para o futuro não queimar
Deixo cair tanta água
Não há mais nada para chorar
E é verdade
O mar é ladrão
Leva da gente tanta mágoa
E só devolve a escuridão
Leva de mim o pensamento
E volta uma canção
Leva de mim a mente só
E volta com uma multidão
Mas confessa
O que estás tu a ver
Farol brilha toda a noite
Sem se conseguir esconder
E procura
Por uma explicação
Que eu de tanto navegar
Por certo vou cair ao chão
De onde vens
Para onde vais
Barqueiro só
Não mais
De onde vens
Para onde vais
Barqueiro só
E todos os dias
Embarquei no ódio
De quem vê mas não quer ser visto
De quem sente mas não quer sentir
De quem pensa mas não pensa nisto
Maré sobe, onda cai
Bateu à costa para onde vai
De tanto sítio o que apregoa
A onda nada mas ainda não voa
E eu não sei
Andar no mar é incerto
Mas pequei
Às vezes em ter-te por perto
Errei
Querendo a explicação de quem não pode navegar
Com medo de cair ao chão
Errei
Errei
De onde vens
Para onde vais
Barqueiro só
Não mais
De onde vens
Para onde vais
Barqueiro só
De onde vens
Para onde vais
Barqueiro só
Não mais
De onde vens
Para onde vais
Barqueiro só