O som deste bumbo é ensurdecedor
Respirando chumbo com a minha dor
Não vou mais me banhar de medo
Nem dormir tão cedo

Da vista do meu lar
Eu olho para o mar
Me deparo com um revelar
A estrela a guiar
Persiste em brilhar
E em claro tudo iluminar
As ideias a surgir
Pensando em partir
E só paro quando eu me cansar
O fogo a me esquentar
Minha mente a borbulhar
Como se fosse preparar um chá
No meio de um terremoto
É como andar de moto
Sem usar capacete
A vida não tem macete
É tudo assim tão difícil
Estou no precipício
E não há indício
Nem nenhum resquício
De voltar tudo pro início
O momento não é propício
São ossos do ofício
Que nunca vão acabar
E aí eu volto pro mar
E começo a velejar
O vento firme a soprar
Os aromas tropicais
Deixando tudo pra trás

Às vezes tanto faz
Se é pier ou se é cais
O que importa é que eu vou atracar
Às vezes sou sagaz
O vento que me traz
O que me corta é o que faz sangrar

Continuou a navegar
A sombra dele ainda está pelo mar
Nunca nesse mundo se viu algo assim
Só o mar e ele até o fim

Navegar, velejando pra nunca mais sofrer
Devagar, respirando pra nunca mais morrer
Velejar, navegando pra nunca mais sofrer
Respirar, divagando pra nunca mais morrer