Cidade veneno e eu tenho a cor Não adianta fingir que cê gosta


Porque o enredo eu já sei de cor vai me apunhalar pelas costas


Era Bang Bang, hoje é "Bang Bang"


Cê quer vir? Tem!


Tragédia de Shakespeare rolando no fundo ao som de Wu-Tang


Correndo nas ruas da norte, sem direção. Quem paga pra ver?


Calor de mil grau, cerrado verão, procuro lazer pra me envolver


Mas a cor da pele me faz suspeito, me coloca na mira


Nas ruas do bairro onde tudo é suspeito, mede a cor e atira


A vida de quem vale mais? Quantas vidas pagam um Ferrari?


Só importa quem vai pra "Paris". Esse game não é jogo de Atari


As ruas sangram vermelho Campari, mas ninguém dá bola


Pra gente não tem opção, não, não. Ou morre, ou rebola


Avisa a CIA que ela não me alcança


Hoje a noite é nossa e a lógica é uma só: quem tem bunda balança


Se nosso som te faz dançar ou te deixa histérica


Vem com A.Jay e ART!, os mais procurados da América

Impecável por debaixo dos bastidores


tentando colher flores nesse show de horrores


vendo por dentro as dores das famílias


melancolia que habita em toda a cidade


expondo na face a frágil realidade


do quão infame e pifia nossa vida significa


somos vítimas dessa terrível agonia


mundo gira e gira sem nenhuma empatia


a boa vontade está enterrada


abre e fecha, fecha abre


abre e fecha, fecha abre


quem é que paga a conta desse buteco


perante tamanho retrocesso


notícias tristes adoçadas de verdades amargas


junto com metáforas que chega engasgam


pulsa do fundo minha úlcera estomacal


de súbito vem a ânsia social


meus olhos com lágrimas de ódio


diagnóstico que revela a ansiedade


ressalta sobre a pele uma febre


e ferve o sangue com momentos de Pânico


insônia insana deixa a mente insã


e a gente vai levando, acreditando


que ainda haverá


esperanças para o amanhã