Dona Maria gasta sua chinela toda
Cata lata, fio e ferro, sem prata pra ela gastar
Topou o dedo, seu filho perdeu o emprego
E ela agora tá com medo do barraco desabar
Juntando os cacos, todo dia ela caminha
Cada catada latinha é um grão de arroz pra ela papar
Garganta seca, sentou numa sombra fresca,
Quando abaixou a cabeça, viu um livro e foi pegar
Lhe abriu a mente, quando encostou foi serpente,
Lhe picou no consciente, e ela começou a vibrar
Tropeço e passos entendeu seu eu completo,
Ela lembrou que ainda tem neto, e que tem coisa pra mudar
Mas que governo é esse, que joga veneno na larica do meu povo,
Que proíbe os pobres de filosofar um poco,
Que põe na novela o que é pra eu acreditar,
Sai pra lá, sai pra lá
Que governo porco,
Distribui revólver e dá menos livro pro povo
Devolve pros índios, vamos começar de novo,
Liga pro cacique pra essa historia contar
Maria, corre! Tão queimando as florestas
Madeireiros tão em festa,
O Brasil tá pra queimar
Maria sobe, lá no alto e protesta
Vamos acabar com a festa de quem quer desgovernar,
Mas que governo é esse, que joga veneno na larica do meu povo,
Que proíbe os pobres de filosofar um poco,
Que põe na novela o que é pra eu acreditar,
Sai pra lá, sai pra lá
Que governo porco,
Distribui revólver e dá menos livro pro povo
Devolve pros índios, vamos começar de novo,
Liga pro cacique pra essa historia contar