-Algum chiste, benzedeira
Caña blanca e a malva!
Que o patrão, desenganado
Pede por tua mão que salva!-

-Mostra teu canto, brujera
Benzendo em cruz de sal!
Tu és mãe de pulso firme
Pra amainar um temporal-

-Ajuda também quem vai lejo,
em rezas que abrem caminhos...
Que a crença às vezes fraqueja
em quem ronda a tropa sozinho...!

Benze gente, benze campo...
...benze gente e benze o campo!
-pela fé que tem teu canto-

Aprendeu um canto índio
Pelo silvido do vento...
...uma reza curandeira,
Ancestral em seu adentro!
Centelha de gente antiga,
Qual semente pelo tempo!

Não tem mais que infusões,
Unguento e capim-santo.
Benzedeira benze gente,
Benzedeira benze campo;
(benze gente e benze campo
pela fé que tem teu canto).

Ouve o vento, benzedeira!
-Se a chuva vem chegando-
Que o pasto clama por água
Neste estio que vem judiando.

-Salva o guri, benzedeira!
Que a mãe já tá aos prantos.
-Confio mais nas tuas mãos,
Que em remédio pra quebrantos!-

-Envolve em calma e esperança,
O braço e a lança guerreira!
Não basta o sangue pulsando,
nas guerras da fé, benzedeira!-

Benze gente, benze campo...
...benze gente e benze o campo!
-pela fé que tem teu canto-

Tuas preces, benzedeira,
Não são escritas de ateu.
É índia e antiga esta sina
De ensinar o que aprendeu!
-O campo é a bíblia sagrada
Que o próprio campo escreveu!-

Um dia o ciclo se encerra,
- teu canto será semente -
Quando voltares pra terra
Renascerá, em luz, somente,
Pra seguir curando o campo
Pra’ o campo curar sua gente.

Benze gente, benze campo...
...benze gente e benze o campo!
-pela fé que tem teu canto-