Alguns o chamavam Lua
Com sorrisos debochados
Quando à noite, pelas ruas
Despontava, abandonado

Outros de Sol o chamavam
- mais por medo e desamor
Quando de dia cruzavam
Sem compaixão à sua dor

Mas de batismo, era Pedro
Corpo judiado e franzino
Mostrando a face do medo
No triste olhar de menino

Nas veias um triste vício
Viagem, cachimbo e pedra
Sofrendo desde o princípio
Com a indiferença e a perda

A vida não lhe ofertou
Um lar decente - ou afeto
E ao Lua condenou
A ter o céu como teto

Em dias de inverno e frio
Em verões sem rouxinol
Corpo e alma em desvario
maltrapilho jovem “Sol”

Mas de batismo era Pedro
Em seu catre de papelão
Vendia o corpo em segredo
Pra ter migalhas de pão

Dia e Sol, noite e Lua
Sem remorso ou dilema
Ninguém notou que nas ruas
Lua e Sol morreu poema