Abandonada
Ela dança na calçada assim
Na mão um pedaço de papel
Rodopia com o papel na mão
Gira, ardendo o verão

Agora o céu mudou de cor
Amarelos e laranjas, tons de azul
Esse instante me desperta
Numa tarde de domingo eu vou atento ao que não

sou o imenso vale de contradições
Nesse barco hei de desbravar
No silêncio sou o pescador de mim
Vou jogar a rede e ficar aqui

Na esquina tem um bar à beira da estrada
Dois homens conversam e o silêncio insurge
Atravesso a rua estreita
Pedra até a metade
Cachorro em toda parte, eu vi

Sou o imenso vale de contradições
Nesse barco hei de desbravar canções
No silêncio sou o pescador de mim
Vou jogar a rede e ficar aqui

Meu quintal é água, estuário
Tenho sede, pernas pra passear, lancha pra atravessar
Meu quintal por hora é banhado e tem desejo de resgatar uma parte de mim

Ela pula na calçada, sim
Na mão um pedaço de papel
Rodopia com o papel na mão
Gira, dança o verão

Agora o céu mudou de cor, tu viu?
Amarelos e laranjas, tons de azul
Esse instante me desperta
Numa tarde de domingo eu vou atento ao que sou
Eu fui, eu vi